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FESTIVAL DE CINEMA: SERTÃO EM CENA

No âmbito museológico a produção cinematográfica também pode ser compreendida enquanto testemunho material da humanidade, tendo em vista ser por natureza, uma amálgama das demais artes que lida de forma dinâmica, com aspectos representativos de tempo, espaços e ideias. Neste sentido, O Museu Casa do Sertão convida a tod@X a prestigiar e se encantar com as criações, ritmos e narrativas poéticas do universo cultural nordestino presentes nas produções audiovisuais do Festival de Cinema Sertão em Cena que serão exibidas às quintas feiras do mês de julho.

O projeto visa estimular a apreciação dos públicos (no plural entendendo a sua não uniformidade) a produções regionais que abordam a partir cenas, sequências e contextos, suas relações a enunciados históricos, sociais e a correntes artísticas e intelectuais, numa vigorosa pauta de discussões sobre as possibilidades e problematização das produções audiovisuais no interior baiano.

Iniciamos com a premiada exibição de “O ouro de Muribeca” dirigido por Talles Lins curta metragem que foi gravado na Serra Azul de Uibaí-Ba. O filme e se baseia numa lenda, extraída do Manuscrito 512, documento de autoria desconhecida que integra o acervo da biblioteca nacional do Rio de Janeiro e é considerado um dos maiores mistérios da cultura brasileira. O dinâmico roteiro versa sobre a saga de Vadim e sua busca pela lenda do ouro por dois mundos, o do encantamento e o da dura realidade.

Em sequência será exibida a produção Quebra –Cabeça dirigida por Sandoval Dourado, teve participação de atores da região. Vencedor do Sétimo Encontro Nacional de Cinema e Vídeo dos Sertões (2012) o filme foi gravado na Rodagem, povoado de Lapão-Ba e retrata uma história de morte e vingança que vai se montando no decorrer da trama como complexo recurso narrativo.

O próximo da lista será a exibição da produção “Terra Crua” com roteiro e direção de Benedito Dias, gravado em Lagoa Funda região de Barro Alto, o filme enfoca disputas de poder que envolve a terra e a água no Alto Sertão Baiano. Com atores locais a trama discorre sobre os sofrimentos da seca na lida campesina e alentos da inocência infantil.

Finalizamos o primeiro ciclo de exibições com a obra Bié dos Oito Baixos dirigido por Eduarda Gama e Uyatã Rayra. O filme conforma-se como o registro – acontecimento em que se detalham de uma genuína ótica, uma costura de imagens-textos sobre emblemática manifestação cultural popular, ocorridas em território feirense, o “ Samba de Bié” no Centro de abastecimento de Feira de Santana. O roteiro enfoca a biografia de Francisco da Silva Sena (o Bié) e notabiliza-o enquanto mobilizador cultural que perpassa por meio de improvisos instrumentais (sanfona de 8 baixos acompanhada de zabumba e triangulo) no Samba de Roda do ambiente da feira, além de sons, cenas e personagens que protagonizam icônicas performances. A produção traz a luz reflexões sobre cultura, mentalidades, silenciamento, micropoderes e seu trânsito nos círculos sociais.

Vale conferir as movimentações cênicas, seus elementos estéticos e o protagonismo ao enfatizar questões do patrimônio cultural em expedientes reflexivos sobre o passado, em vinculação direta com o presente.

Exposição:

Indígenas do Nordeste: Cultura, Identidade e Resistência


Ainda no século XXI é imenso o desconhecimento acerca dos povos indígenas do Brasil e de sua imensa diversidade cultural. Quando da chegada do colonizador português, estima-se que habitavam as terras brasileiras cerca de 1.000 povos indígenas o que correspondia aproximadamente 2 a 4 milhões de indivíduos. Atualmente encontramos no território brasileiro 234 povos, falantes de 180 línguas diferentes.

No Nordeste brasileiro há cerca de 80 povos indígenas pertencentes ao ecossistemas muito distintos entre si (caatinga, litoral, Mata Atlântica). Os índios do Nordeste, como são designados de forma geral os povos indígenas habitantes desta região do Brasil, são portadores de diversas culturas e apresentam características fenotípicas que, muitas vezes, os tornam passíveis de serem confundidos com parcelas da população nacional, a exemplo de comunidades rurais.

A etnicidade destes povos indígenas é caracterizada, principalmente, por suas manifestações culturais como o Toré, o Praiá, o Ouricuri, vivenciados e muitas vezes, incorporados por outros povos indígenas como forma de reelaboração e afirmação da cultura. Dessa forma, o que distingue os povos indígenas do Nordeste são os símbolos que os instrumentalizam na afirmação e na expressão das suas identidades.

Desde 2007, a Universidade Estadual de Feira de Santana - UEFS adota uma política de ações afirmativas que admite indígenas como estudantes através do sistema de reserva de vagas (cotas raciais). Tal sistema tem permitido o ingresso cada vez maior de indígenas na Universidade em diversos cursos, oriundos de várias aldeias localizadas no Nordeste Brasileiro, o que tem expandido a diversidade étnica e cultural da UEFS, promovendo a expansão do conhecimento acerca do indígena na contemporaneidade, numa retroalimentação no cotidiano acadêmico.

Somente ocupados pela chamada população nacional. Eles estão nas universidades, nas repartições públicas, morando em grandes cidades, sendo músicos, atores, atuando na política, levando sua cultura para espaços onde antes não costumavam ocupar.

As várias perdas históricas experimentadas pelos povos indígenas, como genocídio pelo qual passaram, a perda da língua a as inúmeras violências as quais enfrentaram na atualidade, não foram suficientes para exterminar o sentimento de pertencimento dos índios do Nordeste às suas identidades étnicas. O auto reconhecimento como indígena permaneceu vivo entre esses povos ao longo dos séculos. A dinâmica cultural, bem como a luta destes no decorrer da história, nos prova que lugar de índio é onde ele quiser!

Nesta perspectiva, a Exposição Indígenas do Nordeste: Identidade, Cultura e Resistência tem por finalidade apresentar a diversidade étnico cultural destes povos. A mostra reúne fotografias das dez etnias aqui presentes: Atikum, Fulni-ô, Kaimbé, Pankará, Truká, Pankararé, Pankararu, Tumbalalá, Tupinambá de Olivença e Tuxá, apresentando suas culturas, suas respectivas realidades territoriais e simbólicas, bem como, sua realidade dentro da Universidade

A mostra tem a curadoria da professora Mestre Patrícia Navarro do Departamento de Ciências Humanas e Filosofia, coordenadora do projeto de extensão Antropologia dos povos indígenas (Pró-Reitoria de Extensão – PROEX/UEFS), cujo objetivo é aproximar a comunidade universitária dos temas referentes aos povos indígenas. Também é pesquisadora associada ao Programa de Pesquisas sobre Povos Indígenas do Nordeste Brasileiro - PINEB, radicado na UFBA, que, desde a década de 70, produz conhecimento sobre esses povos.

O registro fotográfico foi realizado por Hortência Sant’Ana, natural de Santaluz, Bahia, estudante do curso Licenciatura em História na UEFS. Em 2013, começou a dedicar-se a fotografia e, desde então, não parou, considerando-se autodidata. Trabalha principalmente com a fotografia artística e documental. Hortência tem interesse em analisar, por meio da fotografia, os aspectos sociais e culturais da Bahia, privilegiando a informação visual e os elementos que constituem o saber etnográfico.

Professora Mestre Patrícia Navarro de Almeida Couto (DCHF/UEFS)

Curadoria

Exposição:

Miniaturas de Casas Antigas do Sertão

Pelo Artista Plástico Edson Duarte

A beleza, os aspectos e a riqueza do morar sertanejo cercado pela caatinga são retratados com fidelidade pelas miniaturas produzidas pelo artista plástico baiano Edson Duarte Marques da Silva, em exposição até 1º de novembro no Museu Casa do Sertão, localizado no Campus da Universidade Estadual de Feira de Santana (Uefs). As obras retratam a paisagem cultural, ideias, significados, valores e singularidades do lugar, mostrando transformações da ação do homem no ambiente.

Edson Duarte, artesão proveniente de Riachão do Jacuípe, município que integra o território de identidade Portal da Bacia do Jacuípe, traduz em miniaturas símbolos das paisagens sertanejas, tendo como referência o sertão semiárido. O artista dá destaque às típicas casas da zona rural, retratando nas mesmas o desgaste promovido pelo uso e pelo passar dos anos, vestígios das histórias de vida de seus moradores.

Ao miniaturizar essas construções, o artesão, apresenta símbolos e matrizes próprias da sua realidade local e regional, numa representação afetiva e memorial de um pequeno recorte da paisagem cultural que envolve a caatinga e o sertanejo. Edson Duarte é tema de mostras em diversos municípios brasileiros, além de reportagens e documentários.

Com a iniciativa, a UEFS, através do Museu Casa do Sertão, reflete ações dos museus brasileiros em torno dos vestígios resultantes da interação do homem com a natureza e, reciprocamente, da natureza com o homem. Será a terceira edição da mostra de Edson Duarte no Campus Universitário. Ele já expôs em 2012 e 2016.

Sobre o autor

Edson Duarte Marques é filho de Maria Edna São Paulo Silva e Arnaldo Marques da Silva, já falecidos. Tem seis irmãs e mora na avenida Conselheiro Eliel Martins, na cidade de Riachão do Jacuípe. Contratado pela Prefeitura, ministra oficinas de música, artesanato e reciclagem de papel no Centro de Atenção Psicossocial (CAPs).

No Centro de Amor e Transformação (CAT), entidade que atende indivíduos em condições sociais de risco, desenvolve as mesmas oficinas como voluntário; é membro atuante da Associação de Proteção aos Animais ‘Beato Salu’ (Aparj), exercendo, atualmente, a função de presidente; integra também a associação ambiental Amigos do Rio Jacuípe.

Exposição fotográfica Sertão Noturno - Projeto Cores do Sertão

As 20 fotografias, em exposição, constituem uma dimensão do Projeto Cores do Sertão que vem sendo desenvolvido pelo Cult-Vi desde 2011 na Universidade do Estado da Bahia UNEB - Campus de Jacobina e possui, dentre suas metas: a criação e manutenção de um banco de imagens sobre a vida sertaneja; a produção de representações diferenciadas do sertão evidenciando a riqueza cultural distanciando-se da visão estereotipada de miséria e seca; a produção de matérias visuais de alcance da comunidade e as práticas educativas contextualizadas envolvendo as imagens do sertão.

As imagens desse projeto foram captadas na região do Piemonte da Chapada Diamantina, por pesquisadores, estudantes e pessoas da comunidade, entre os anos de 2017 a 2019 e reuni mais de mil imagens do sertão baiano, abordando temas como cultura, cotidiano, arquitetura, águas etc.A captação das imagens se dá por meio de saídas fotográficas organizada pelo próprio grupo, por pesquisadores/fotógrafos voluntários ou por meio de prêmios fotográficos, nos quais os participantes no ato da inscrição cedem as fotos e autorizam o seu uso.

As fotografias desta exposição apresentam o sertão, em imagens captadas durante a noite, fazendo uso da técnica light paint, que consiste em articular/administrar a luz (disponível ou projetada) e as sombras, para a produção de determinados efeitos. Com essa técnica os fotógrafos conseguem transmitir diferentes sensações sobre a paisagem e emprestam uma áurea fluída para as cenas que representam.

Em um gesto corajoso e abnegado, os fotógrafos desse projeto, bem como toda equipe de suporte, tem viajado por muitas estradas de chão, terrenos esburacados, áreas desoladas e ameaçadoras para captar a beleza noturna do céu sertanejo no contraste entre a luz e as sombras.

São autores dessas imagens os fotógrafos, Ronaldo Santos, Carlos Guedes, Alex Felix e Sérgio Silva.

A mostra, também reúne parte da coleção dos fifós e candeeiros pertencentes ao Museu Casa do Sertão, numa tentativa de diálogo com as imagens do “Sertão Noturno”. Essa coleção possui grande variedade no tamanho, nas formas e materiais empregados em sua artesanal confecção. Os fifós e candeeiros acompanham a trajetória histórica do povo sertanejo, ainda comuns em muitos lares e vendas da roça, onde não chegou a eletrificação rural.

Museu Casa do Sertão promove mostra

sobre Santo Antônio e religiosidade

O Museu Casa do Sertão, localizado no Campus da Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS), convida a comunidade para a exposição ‘Antônio querido! História e religiosidade popular’. Com abertura marcada para esta quinta-feira (13), às 9 horas, a mostra permanece em cartaz até 17 de julho, apresentando aspectos da religiosidade popular na devoção doméstica, com o uso de imagens do Santo Católico Santo Antônio.

A exposição ficará instalada no espaço do Museu denominado ‘Quarto dos Santos’, onde o público poderá apreciar peças como fotografias da construção da Igreja de Santo Antônio dos Capuchinhos, localizada em Feira de Santana, além da introdução de elementos relativos à devoção antonina. Dentre os elementos expostos, destaque para denominações do Santo, como o ‘Pai dos Pobres’ e o ‘Santo Casamenteiro.

Aos visitantes será distribuído material sobre aspectos da história que cerca Santo Antônio, inclusive em Feira de Santana, pois o município possui reconhecido culto, retratado em diversos logradouros com o nome do santo. Para além da observação da lista dos topônimos, a partir de pesquisas realizadas no acervo da Biblioteca Setorial Monsenhor Galvão do Museu Casa do Sertão, são apresentados registros de uma devoção antonina na região, conforme destaca a historiadora Cristiana Barbosa, do Museu Casa do Sertão.

Manifestações culturais

No verbete ‘Antônio’, do Dicionário do Folclore Brasileiro, Câmara Cascudo, historiador e antropólogo brasileiro, afirma este santo um dos de devoção mais popular do país. Cascudo acrescenta que o culto antonino se divulgou e fixou ainda no período colonial e se difundiu através dos tempos.

Nas trezenas, período de treze dias oferecidos ao santo, inúmeras preces e leituras (sobre passagens da sua vida) são repetidas em paróquias, comunidades e em oratórios particulares do dia primeiro ao 13 do mês de junho, data celebrativa da sua morte. A religiosidade popular em torno da figura de Santo Antônio envolve manifestações culturais, como festa e lazer, trabalho e sobrevivência, doença e morte, amor, alegria e tristeza. Trata-se do modo do viver do povo, em especial dos seus devotos, e não curiosidades, comumente abordadas

O mês de junho para o nordestino, notadamente o sertanejo, é tempo de festa, quando o calendário de comunidades celebra os frutos do trabalho. Festa popular atraente e alentada por satisfação geral, repousa, também, na tradição católica de comemorar os santos com destaque para os louvores ao lisboeta mais brasileiro de todos, Santo Antônio, que inaugura o ciclo dos festejos juninos.

Museu Casa do Sertão


Museu Casa do Sertão

A minha casa é o Sertão, minha fala, meus costumes, e até meu jeito de dizer não.

Se achegue minha fia, não se acanhe não seu moço

Tenho muitos causos pra contar, muita história pra prosear, sem ferir, nem maltratar.

Eu conto dos tempos de outrora, de uma vida mais simples, de um relógio sem hora.

Minha casa é simples, mas amor tenho pra dar

Aqui reina a Humildade

Não me ensina a hospitalidade, porque eu vou ensinar.

O povo já não se alembra mais dos costumes, dos gostos, dos cheiros, dos outros que vieram lá de trás.

Mas eu resisto na História, e venho mostrar a memória pra que ela não se perca,e de tudo se esqueça, que nem desenho na areia da praia que a onda leva, que onda apaga.

Venha me conhecer Museu Casa do Sertão!

Edenbergue Lima Neres

Graduando em História – UEFS

Bolsista do Museu Casa do Sertão

FRAGMENTOS DA MEMÓRIA EM CADERNOS GOIABADA, POR ALUNOS DA UATI

Salvar palavras... escrever a própria história em cadernos goiabada. Os alunos da oficina Leituras e Memórias, turmas das professoras Ana Angélica Vergne de Morais e Eliana Carlota Mota, do programa de extensão Universidade Aberta à Terceira Idade da UEFS-PROEX, nos apresentam em cadernos um testemunho de suas histórias de vida. Experiências cruciais, como amor, dor, perda, morte registradas a partir de íntimas experiências e criativas memórias de infância e juventude.

Cadernos goiabada, denominação da escritora Lígia Fagundes Teles à literatura pessoal, comum às mulheres do final do século 19 e início do século 20, assumem, na exposição Fragmentos da Memória, contornos de registros memorialistas, a partir de lembranças individuais e coletivas, rico testemunho de histórias de vidas de homens e mulheres, sertanejos, em sua maioria trabalhadores aposentados com mais de sessenta anos de idade. Tais testemunhos são demarcados pelas condições de classe, etnia e gênero, bem como por relações sociais estabelecidas no cotidiano do trabalho, família, igreja...

A exposição é o resultado de ações socioeducativas promovidas pelo Museu Casa do Sertão – MCS/UEFS, dentro do Projeto Atendimento Público, que incentiva, em parceria com a Pró-Reitoria de Extensão, desde 2012, a promoção e divulgação do espaço museológico como lugar privilegiado para a educação não-formal de públicos diversos, em especial para idosos. Destarte,assume um caráter de formação continuada, visando a formação de monitores da terceira idade, a fim de atuarem no atendimento público do MCS, valendo-se, em especial, das memórias individuais e coletivas do grupo, bem como a possibilidade de (in)formar plateia a partir do testemunho de vida desses idosos, muitos dos quais oriundos do campo que possui no acervo do MCS - artefatos que podem constituir-se em arrimos capazes de recriar a memória.

São 31 cadernos que formam uma colcha de retalhos costurada a partir de reminiscências organizadas dentro de narrativas destinadas aos outros e/ou ao próprio eu, revelando o passado e reflexão sobre o presente. Os alunos da UATI compõem o próprio eu;nos apresentam recordações e estabelecem prioridades em suas narrativas, muitas das quais baseadas na oralidade e tradição familiar, compartilhando um arsenal de fotografias, papéis diversos, desenhos e colagens, ao tempo que promovem um (re)encontro com pessoas, cores e odores novamente percebidos. As narrativas organizadas através da subjetividade e da objetividade relacionam-se às histórias de vida, com destaque para a vida em família, migração, escolarização, religiosidade, bem como às tradicionais receitas de família e às leituras de ontem e de hoje, muitas das quais apresentadas em seus cadernos. Mas, sobretudo, a reflexão sobre a posição ocupada pelos mesmos nas relações de trabalho.

A trajetória para o envelhecimento, marcada pelos sulcos da face e pelo acúmulo de experiências vividas, permitiram a esses idosos um balanço da vida, capaz de redesenhar o caminho a ser percorrido, motivando-os a buscar novos papéis na sociedade e na família, além de pelejar em arenas da escolaridade, negada pela condição de classe e de gênero e da convivência com outros grupos, a exemplo da UATI.

Ecléa Bosi, citando Walter Benjamin, no clássico História de velhos diz que “o narrador conta o que ele extrai da experiência – sua própria ou aquela contada por outros. E, de volta, ela a torna experiência daqueles que ouvem a sua história.” E, por isso, acredita que tudo é importante e, desse modo, merece ser contado. Assim, Fragmentos da Memória, titulo homônimo do caderno de dona Marinete Jerônimo, nos permite colocar no centro o papel do idoso na sociedade e a sua participação em grupos sociais que ultrapassam os limites tradicionalmente oferecidos aos mesmos.

Cristiana Barbosa de Oliveira Ramos

Historiadora do Museu Casa do Sertão / UEFS